Milhares de crianças em todo o país estão a começar um novo ano letivo. Para muitas, o infantário e a sala de aula são uma novidade, a que se junta todo um novo ajuste familiar que pode gerar alguma ansiedade em adultos e crianças. Conversámos com a psicóloga Filipa Santos, porque há um elemento essencial que é preciso não esquecer: a saúde emocional dos mais pequenos. Afinal, as salas de aula são um local onde as crianças se desenvolvem socialmente e temos de as ajudar a encontrar ferramentas que lhes permitam fazê-lo com segurança e confiança, ajudando a criar espaços onde se sintam integradas e evitem comportamentos de bullying entre pares.
Novos modelos de famílias nas escolas
A psicóloga do IVI Lisboa, recorda que havendo cada vez mais modelos familiares diferentes, como o homoparental ou os formados por mães solteiras por opção, é preciso pensar que as crianças vão encontrar algumas diferenças com outros colegas, pelo que é importante dotá-los de ferramentas para enfrentar esta situação.
A estigmatização das famílias na nossa sociedade tem um impacto negativo no bem-estar emocional das crianças. Por essa razão, todos somos responsáveis e potenciais agentes dessa mudança social que precisa de ter continuidade e de ser consolidada, por forma a que seja possível criar ambientes seguros e construtivos para as nossas crianças se desenvolverem de forma harmoniosa numa sociedade que é plural.
Para ajudar as famílias, os educadores e professores a incorporar estas mensagens e realidades nas crianças, há uma série de dinâmicas de jogo que podem ser feitas desde cedo e assim prevenir possíveis problemas emocionais no futuro devido à falta de compreensão da realidade familiar da criança. Por isso, para ajudar todos neste processo, Filipa Santos partilhou com o blog algumas dicas para a construção de famílias de todos os tipos. Através da criatividade e da imaginação, com estes jogos podemos ajudar a normalizar novos modelos familiares para que as crianças construam e compreendam pouco a pouco a realidade que as rodeia.
Ferramentas sociais para os mais pequenos
Criar famílias
O jogo consiste em imaginar como é a família da criança com um desenho onde todos os membros aparecem e, em seguida, explicar quem são cada um deles no núcleo familiar. Desta forma, as crianças vão estar mais preparadas para explicar a sua família na escola quando questionadas sobre a família. Também podem ser usadas bonecas para construir famílias de todos os tipos e explicar outros núcleos familiares diferentes dos seus, como famílias divorciadas, crianças adotadas ou famílias com pai e mãe.
Procurar outras referências
Nos filmes e desenhos animados podemos encontrar muitas famílias diferentes que ajudam a refletir sobre diferentes realidades. É comum que apenas um dos pais apareça, ou, nos mais recentes, um par de mães, por exemplo. Estas explicações devem ser sempre dadas de forma natural e com exemplos e realidades próximas do dia a dia que as ajudam a ver que estas famílias se amam da mesma forma que as suas, independentemente dos membros que as integram. Este mês, e pela primeira vez, a famosa porquinha Peppa Pig, apresentou um episódio no Reino Unido com uma família com duas mães.
A hora do conto
Nas escolas é comum haver momentos dedicados à leitura de livros. Muitas vezes até são os pais que vão à sala de aula contar uma história. Sendo a nossa sociedade plural, essa pluralidade também está retratada nos livros. Um livro é sempre uma boa escolha para ajudar a explicar que existem modelos de família diferentes, seja com casais do mesmo sexo ou com mães sozinhas que recorreram a clínicas de fertilidade.
Se tiverem algum comentário ou alguma questão para a Dra. Filipa Santos, psicóloga do IVI Lisboa, podem deixar aqui nos comentários ou escrever-lhe diretamente para o e-mail: filipa.santos@ivirma.com.
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