O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um vírus que causa infeção no ser humano e pode originar o Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). A SIDA é uma condição ou doença que provoca a falência progressiva do Sistema Imune, permitindo a ocorrência de infeções oportunistas ou doenças oncológicas que podem colocar a vida em risco.
Ao longo dos anos, desde a sua descoberta no ano de 1981, o HIV foi amplamente estudado e com a descoberta e melhoria das terapêuticas disponíveis, aumentou-se a esperança média e a qualidade de vida dos pacientes infetados.
Estima-se que no mundo existiam em 2013 trinta e cinco milhões de pessoas afetadas (fonte: Organização Mundial de Saúde) e em Portugal, no final de 2014, cerca de 31.000 pacientes com diagnóstico e em seguimento nas unidades especializadas do SNS, dos quais cerca de um terço em idade reprodutiva (entre os 15 e os 44 anos) (fonte: Direcão Geral da Saúde).
Na população em geral, cerca de 35% dos indivíduos em idade reprodutiva desejam ter um bébé, e nos indivíduos afetados pelo HIV estima-se que esse desejo ronde os 25% a 45% dos indivíduos (dependendo dos estudos).
Com o advento das novas terapêuticas e sua otimização durante a gravidez e o parto, os últimos dados sobre a infeção por HIV e a transmissão vertical (mãe-filho) mostram um risco de transmissão inferior a 1%.
A gravidez torna-se, portanto, um projeto com boas perspetivas de sucesso ao alcance dos muitos casais afetados, principalmente aqueles que são serodiscordantes (casais em que apenas um dos elementos é portador do HIV). Nestas situações, os casais são aconselhados a praticar sexo seguro, por forma a minimizar a probabilidade de contágio, o que também inviabiliza a possibilidade de gravidez por via natural. Nestes casos, os avanços nas técnicas de Procriação Medicamente Assistida podem permitir aos casais a geração de uma gravidez com mínimo risco de transmissão da doença ao parceiro não afetado e ao futuro bébé.
E então, quais são as opções disponíveis nas diferentes situações que podemos encontrar?
No casal sem problemas de fertilidade, no caso do parceiro feminino estar afetado e o parceiro masculino não, a solução até é relativamente simples e low-tech: uma inseminação artificial.
No caso do elemento afetado ser o parceiro masculino, existem várias opções, sendo que nenhuma delas é 100% isenta de risco de transmissão da doença. Para a realização dos procedimentos (Inseminação ou fecundação in vitro) podemos utilizar sémen processado e lavado, em que se promove a separação dos elementos potencialmente afetados do sémen, em que o produto resultante é posteriormente testado para verificar se existem partículas virais em suspensão na amostra. Consoante a situação clínica do casal, pode ser utilizado um tratamento simples como a inseminação artificial ou um tratamento mais complexo, como a fecundação in vitro.
Nos casos em que ambos os elementos do casal estão afetados, apesar dos tratamentos atuais serem eficazes na redução da carga viral circulante no sangue, continua a ser indicada a lavagem seminal para redução da probabilidade de superinfeção do elemento feminino do casal, podendo depois o sémen ser utilizado num tratamento de Fecundação in vitro ou numa inseminação artificial.
Nos casais em que a infeção por HIV/SIDA/VIH seja então diagnosticada, a possibilidade de gravidez e de um parto com um recém nascido não afetado surge como uma hipótese viável e altamente provável, se fizermos uso dos recursos e terapêuticas atualmente disponíveis.
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