Ser mãe é o sonho de muitas mulheres. Sonho esse agora ao alcance de todas as mulheres em Portugal. A Lei da procriação medicamente assistida permite a todas as mulheres, independentemente do seu estado civil e orientação sexual fazerem tratamentos de fertilidade para terem um filho. Fizemos um passo a passo sobre maternidade independente a pensar em todas elas.
A mulher dos tempos atuais é uma mulher independente, decidida, que estuda e tem acesso ao mercado de trabalho. Esta liberdade dá-lhe a possibilidade de fazer as suas escolhas. E a ciência pode apoiar alguns aspetos desta trajetória feminina. E como? Por exemplo, se uma mulher decide adiar o seu projeto reprodutivo para se poder dedicar à sua carreira, pode ir a uma clínica de fertilidade e congelar os seus óvulos. Idealmente, deve fazê-lo até aos 35 anos, idade a partir da qual a fertilidade começa a decair. E esta é uma forma de pelo menos ter a possibilidade de tentar engravidar mais tarde com os seus próprios óvulos.
Da mesma maneira, uma mulher que não tem companheiro também pode recorrer a uma clínica de fertilidade para engravidar através de tratamentos com recurso a banco de sémen.
Maternidade independente
As mulheres decididas também têm medos
Decidir ter um filho no contexto de um projeto de maternidade independente é uma decisão que implica liberdade, coragem, mas muitas vezes, esta decisão também pode estar associada a alguns medos. Mulheres que sabem o que querem, que se sentem livres para escolher, que são determinadas e se permitem sonhar e reinventar os seus sonhos, são mulheres que também têm medos, mas que escolhem desafiá-los.
Guia Prático para famílias Monoparentais
O IVI desenvolveu um Guia Prático para famílias Monoparentais para apoiar as mulheres que escolhem este caminho, para que se sintam mais seguras, confiantes e acompanhadas.
Os estudos publicados a respeito referem que no processo de toma de decisão influem vários fatores: a estabilidade laboral e a estabilidade financeira, um desejo prévio de maternidade cuja satisfação se tenha adiado, a não existência de um companheiro com quem partilhar a maternidade e a consciência de existir uma idade limite para ser mãe.
Independentemente do que dizem os artigos científicos, o processo de tomada de decisão pode não ser fácil para as mulheres que estão a planear ser mães solteiras. Algumas mulheres sentem que supõe uma renúncia a um ideal de emparelhamento e de família tradicional, e isto pode gerar-lhes certas dúvidas e inseguranças, porém, é totalmente normal ter estes sentimentos. Optar pela maternidade em solitário, deve implicar reflexão sobre o assunto. O processo de tomada de decisão requer tempo. Mas quanto tempo?… Aquele que for necessário. É uma decisão muito pessoal e cada pessoa tem o seu momento.
Pode acontecer que uma mulher planeie ser mãe, mas a longo prazo. Neste caso, como referimos anteriormente, podem congelar os óvulos, e usá-los noutro momento. Esta opção é uma realidade hoje em dia devido ao avanço das técnicas de reprodução medicamente assistida.
Maternidade independente, não significa estar sozinha
Devem ter presente que não estão sozinhas. O passo de começar a partilhar o planeado com a família e amigos é importante.
Muitas famílias que planeiam a maternidade em solitário estão convictas da atitude positiva do seu núcleo mais próximo, outras, podem temer os olhares ou comentários dos outros.
Para abordar este tema vamos distinguir entre o círculo mais próximo e o resto das pessoas.
O núcleo mais próximo
Este círculo provavelmente é formado pelas pessoas mais significativas da sua vida, com aquelas que há um vínculo mais estreito e que farão parte da vida do seu futuro filho.
Se houver necessidade de os fazer participantes do processo de decisão, faça-o sem nenhum constrangimento. Cada mulher sabe, melhor do que ninguém em quem se deve apoiar.
Embora deva ter presente que as dúvidas, medos e inquietudes devem ser escutadas e ponderadas, não devem interferir com a decisão final, mesmo que não partilhem a sua
maneira de pensar. Outra opção é comunicar uma decisão firme a respeito. E neste caso, é necessário dar tempo às pessoas de aceitarem a decisão. Lembre-se que também precisou de tempo. E claro, não temer, enfrentar comentários desagradáveis ou perguntas inconvenientes. O seu dever como mãe é facilitar este processo a quem também vai cuidar do seu filho.
Deve ter sempre presente que, estas pessoas fazem parte do seu âmbito de vida mais intimo, e têm uma relação afetiva, pelo que os seus comentários não serão nunca, à priori, mal-intencionados.
Devem ser escutados, sem se sentir questionada, dando-lhes um período de reflexão necessário para valorizar os prós e os contras deste modelo de família e poder aconselhar de forma honesta e com o maior dos carinhos os que valorizam que será o melhor para a sua futura família.
Aceitar e ajudar o seu núcleo a entender que a maternidade independente por opção, é vital para que o seu filho o viva assim, serão pessoas importantes na sua vida e também devem sentir-se seguras e cómodas para ajudar o criança a interiorizar e aceitar o seu modelo de família.
O núcleo menos próximo
No entanto, ao pensar em todo o círculo de relações e não só no mais próximo, há que estar preparada para todo o tipo de comentários e responder de um modo seguro.
E pensar sempre que, apesar de ser um modelo de família em crescimento, ainda faltam alguns anos para estar mais presente na sociedade. Pode ser útil usar estes comentários em benefício próprio e adquirir mais destreza para responder a outros sobre este modelo familiar com serenidade e transparência.
A importância da consulta de psicologia neste processo
Não obstante, são mutas frentes abertas e, às vezes, é interessante parar um pouco e refletir sobre cada uma delas.
Para isso, pode ser muito positivo, neste momento da tomada de decisão, procurar ajuda especializada. Mais ainda se houver um sentimento de bloqueio. Os psicólogos que trabalham em procriação medicamente assistida podem ajudar no processo. A unidade de psicologia faz parte de uma equipa multidisciplinar e está disponível para ajudar as pacientes para fazer este caminho mais fácil. Como? Em muitos aspetos:
Apoiando através da experiência com outras pacientes, dando outra visão.
Ajuda a explorar sobre o desejo de ser mãe, o apoio social e familiar, assim como na valorização do planeamento de ser mãe independente por eleição como alternativa de família.
A consulta de psicologia é um espaço para partilhar inquietações e medos, sem temer julgamentos. A decisão de ser mãe solteira vai ser e deve ser própria, ninguém vai tomar a decisão por si, mas o nosso objetivo é que todas as mulheres que iniciem este processo vivam a sua opção de maternidade com segurança, tranquilidade e entusiasmo.
Pode fazer download do Guia Prático para famílias Monoparentais aqui. Se está no processo de decisão para ser mãe e está com dúvidas, escreva-nos que teremos todo o gosto em ajudá-la.
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