As conclusões de uma investigação conduzida por especialistas portugueses e espanhóis do IVI – RMA foram apresentadas hoje no congresso da American Society for Reproductive Medicine, um dos encontros mais importantes de Medicina da Reprodução do mundo, que este ano se realiza virtualmente. É um marco onde se partilham os últimos avanços nesta área e se perfila o futuro desta especialidade que tantos sonhos ajuda a concretizar.
O estudo conclui que o ato de congelar embriões não prejudica a saúde da mãe e do futuro bebé e que é seguro criopreservar os embriões. Os resultados, animadores tanto para os médicos como para quem recorre a tratamentos de fertilidade foram hoje apresentados pela Dra. Filipa Rafael, autora principal do estudo Similar Perinatal Outcomes in Children Born After Fresh or Frozen Embryo Transfer Using Donated Oocytes.
Os tratamentos de fertilidade podem levar a um eventual risco acrescido de prematuridade e de baixo peso à nascença. Os tratamentos que utilizam embriões congelados parecem resultar, pelo contrário, em bebés mais pesados. Além disso associa-se a maior probabilidade de hipertensão materna e pré-eclampsia, quando comparado com uma gravidez espontânea.
Ponto de partida do estudo
O ponto de partida dos investigadores do IVI foi o de tentar perceber quais os aspetos do tratamento que provocam essas diferenças entre os bebés nascidos através de tratamentos de reprodução assistida e bebés de uma gravidez espontânea.
O estudo foi desenhado com o intuito de melhorar continuamente a segurança dos tratamentos de fertilidade. Pretendia-se aferir com mais detalhe qual a influência da utilização de embriões congelados e qual o impacto dos elevados níveis hormonais no endométrio, o sítio onde se implantam os embriões dentro do útero.
Conclusões e próximos passos
Este estudo envolveu uma ampla amostra composta por quase seis mil mulheres que realizaram um tratamento com doação de óvulos, ou seja, sem exposição à estimulação hormonal, para que fosse avaliado apenas o efeito da congelação dos embriões.
Agora, com este estudo retrospetivo que recolheu dados dos últimos 11 anos de mulheres que recorreram à doação de óvulos nas clínicas IVI Lisboa, IVI Faro e todas as IVI de Espanha, “foi possível determinar que a criopreservação não influencia o peso à nascença, nem a prematuridade ou a morbilidade materna”, antecipa a Dra. Filipa Rafael, acrescentando que os investigadores também não encontraram uma relação entre a criopreservação e o aparecimento de hipertensão na gravidez.
Futuros estudos deverão aprofundar a influência de outros fatores no sentido de melhorar a segurança dos tratamentos de fertilidade. Contudo, este é um passo importante e sólido para quem se dedica ao estudo e à técnica da criopreservação, como refere o Prof. Doutor Samuel Ribeiro, especialista em medicina reprodutiva do IVI Lisboa e também um dos autores do estudo: “Estes resultados são muito tranquilizadores uma vez que constatámos que a criopreservação não parece alterar os desfechos perinatais, pelo que consideramos que é uma opção segura e com várias vantagens em termos de gestão de ciclo”.
Além disso, o especialista destaca que “a criopreservação permite evitar a síndrome de hiperestimulação ovárica, reduzir o impacto hormonal no endométrio (aquando da utilização de embriões frescos da própria paciente) e otimizar a calendarização da transferência quando se trata de óvulos doados”.
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