Nos dias de hoje existe um número elevado de casais que realiza tratamentos de fertilidade devido à idade “avançada” da mulher. E a idade compromete a fertilidade feminina.
As razões que levam a mulher de hoje a adiar a maternidade são várias: ausência de parceiro(a), procura de maior estabilidade financeira, concretização dos estudos, entre outras. Enquanto na década de 70 a idade média das mulheres aquando o nascimento do primeiro filho se situava nos 24,4 anos, no ano de 2015 a idade média da mulher passou para os 30,2 anos (Fontes/Entidades: INE, PORDATA, dados atualizados em: 2016-06-20).
Mas este adiar traz consequências menos boas para o projeto da maternidade. Uma delas é a infertilidade, outra é que as mulheres ao terem o primeiro filho mais tarde muitas vezes acabam por não ter tantos filhos como aqueles que desejariam ter por falta de tempo.
Porque razão a capacidade reprodutiva da mulher diminui a partir de certa idade?
Fertilidade feminina: Redução quantidade de ovúlos
As mulheres nascem com uma reserva de ovócitos limitada que se vai gastando ao longo da sua vida. Um feto feminino às 18-20 semanas de gestação tem aproximadamente 6 a 7 milhões de células germinais (que vão originar os ovócitos) nos seus ovários. No momento do nascimento, esse número decresce para os 1-2 milhões. No início da puberdade, o número de ovócitos reduz-se aos 400.000 – 500.000 dos quais somente 400 a 500 chegam a ovular. No ciclo menstrual, são utilizados vários folículos mas apenas um deles vai ovular. Os restantes folículos (que contém os ovócitos) vão degenerar e desaparecer. Nos anos que antecedem a menopausa, o gasto de folículos é ainda maior.
Redução da qualidade dos óvulos
Por outro lado, com o avanço da idade, existe um aumento do número de alterações cromossómicas nos ovócitos que conduzem a alterações no cariótipo dos embriões (alterações cromossómicas). As alterações mais frequentes associadas à idade materna avançada (depois dos 38 anos) são; trissomia dos cromossomas 13, 14, 16, 18 e 21 e uma monossomia do cromossoma X. Como consequência as mulheres destas idades acabam por ter mais abortos do que as mais jovens.
Mas será que o útero também envelhece tão rapidamente quanto os ovários?
Muitos dos estudos publicados na literatura realizados com mulheres recetoras de óvulos puderam verificar que a recetividade do útero era constante até aos 45 anos mas que a partir dos 45 até aos 50, a capacidade de gravidez das mulheres caía de forma abrupta. A razão para a diminuição da taxa de gravidez era justificada pela redução da recetividade do endométrio a partir dessa idade.
Em resumo, podemos dizer que a quantidade e a qualidade dos ovócitos diminuem a partir dos 35 anos. No entanto, a recetividade do útero só parece estar comprometida a partir dos 45 anos. A fertilidade feminina depende largamente da idade da mulher.
Nota: este artigo foi escrito pela nossa embriologista, e diretora do Laboratório FIV, Dra. Sofia Nunes.
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