O Blog do IVI esteve à conversa com Marco Soares Pereira. Um homem apaixonado pelas caminhadas e que gosta de se superar. Estas características são potenciadas pelo seu espírito de aventura, a coragem e a vontade de fazer algo pelos outros. Vai caminhar mais de 700 km para dar a conhecer uma doença silenciosa e desconhecida que se chama Endometriose. Esta aventura será intitulado “Endocaminhada“. Fique a saber todos os detalhes na entrevista que deu ao IVI.
Como é que surgiu a ideia de fazer a “Endocaminhada”?
A vontade de fazer uma caminhada pela Estrada Nacional 2 (EN2) é antiga, mas sempre quis fazê-lo aliado a uma causa. Procurei várias opções antes de chegar à escolhida: a endometriose.
MulherEndo
Tomei contacto com esta doença de forma espontânea e no seguimento do convite feito por um grupo de Endoguerreiras do Algarve para ajudar na Endomarcha em março de 2017, pensei… “e porque não juntar-me a esta doença?”, fiz o convite à associação Mulherendo e aceitaram de imediato. Foi ao envolver-me na organização da Endomarcha que fiquei a saber que algumas mulheres que conheço desde sempre sofrem desta doença e interessei-me em saber mais pormenores e claro fiquei bastante sensibilizado. Foi assim que logo no dia seguinte a Endomarcha, contactei a Catarina Jerónimo, uma Endoguerreira e fiz a proposta de caminhar por elas. Aceitou de imediato, mas tinha de perguntar à presidente da Mulherendo, a Susana Fonseca, que prontamente aceitou. Ambas me têm apoiado incondicionalmente.
A endometriose é uma doença feminina silenciosa e desconhecida, o que leva a um homem a aliar-se a esta causa?
Ao contrário do que é normal para estas situações, não tenho ninguém na família com esta doença.
Acho que esta doença afeta todos, tanto as mulheres como os homens. Calculo que viver com uma doença assim em casa seja um tormento, por isso afeta-nos também. Nós homens, não temos noção das dores que as mulheres têm com a endometriose, por isso, alio as minhas dores e superação na Endocaminhada às dores das Endoguerreiras.
Certamente consideras importante os homens aliarem-se a esta causa. Que conselho darias aos homens mais renitentes?
Bem… isso dos conselhos é complicado… Nem toda a gente está preparada para causas…Conselho, sinceramente… não sei… Deixo o convite a caminharem comigo pelo país na EN2 e aliarem suas dores e superações como se a Endometriose passa-se por nós.
Quantos dias e quantos km vais percorrer durante a “Endocaminhada”?
Vão ser 25 dias e cerca de 740 km.
O que é imprescindível levar na mochila para uma caminhada deste tipo?
Ora bem… tudo é imprescindível…
Na mochila vou ter de carregar uma enorme carga de coragem para dar o primeiro passo em Chaves, o resto são poucas roupas e bens de necessidade básica.
Tenho de levar o mínimo de peso possível para a caminhada.
Levo suplementos alimentares e energéticos, roupas de secagem rápida, produtos de higiene e um kit de primeiros socorros e não posso deixar de referir o mais importante, TODO O VOSSO APOIO.
Em algum momento da caminhada tens previstos que pessoas se juntem a ti?
Sim, em quase todos os percursos há uma Endoguerreira a caminhar comigo, seja 5 ou 45 kms, acho que vamos unir o país com Endoguerreiras a caminhar pela EN2. Na parte final da aventura a minha esposa junta-se a mim para fazer os últimos 8 dias.
Em termos logísticos onde farás as tuas pausas para refeições e descanso?
O descanso vai ser nas inúmeras unidades hoteleiras da EN2 que também se aliaram a esta causa e me ofereceram a estadia. As refeições, vou tentar que sejam feitas em restaurantes para poder desfrutar das iguarias de cada região e também ter uma alimentação mais equilibrada, visto que muitos dos dias só janto, porque passo o dia a caminhar e vou me alimentando sem parar muito tempo.
Sobre a endometriose
A endometriose é uma doença cuja causa ainda não é conhecida. Na sua forma mais comum, a endometriose afeta o revestimento interno do útero a cada ciclo menstrual permitindo que as células do endométrio se implantem em outros locais do corpo como é o caso do peritoneu pélvico, dos ovários, do reto, da bexiga, dos intestinos, e outros órgãos.
As dores intensas, a menstruação abundante, as cãibras durante a relação sexual, a dor ao urinar ou defecar, a diarreia ou prisão de ventre, a fadiga e cansaço excessivo e a dificuldade em engravidar são alguns dos sintomas mais comuns da doença.
O diagnóstico demora em média dez anos, é muito tempo, daí a importância de divulgar a doença para permitir um diagnóstico mais rápido. O tratamento precoce é importante para controlar a doença.
Podem seguir a Endocaminhada que começa no dia 26 de setembro na página de facebook Diário de um Caminheiro.
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