A infertilidade masculina, representa 40% das causas de infertilidade, e até há bem pouco tempo era pouco considerada, por haver a crença que a esterilidade feminina era predominante. Nos últimos anos o IVI dedicou-se a estudar a infertilidade masculina, prova disso são os quatros estudos que estão a ser apresentados no prestigiado congresso da ESHRE, os quais vamos desenvolver em seguida.
A azoospermia (ausência de espermatozoides nas amostras de sémen) requere fazer-se uma biopsia testicular que permita saber se o testículo gera espermatozoides. Seria um grande avanço descobrir um método alternativo não invasivo, como um algoritmo, que permita conhecer a presença de espermatozoides no testículo evitando dita intervenção. A Dra. Marga Esbert do IVI Barcelona baseou o seu estudo na determinação da capacidade preditiva de certos fatores, para indicar a existência ou não de espermatozoides no testículo.
Para o estudo recolheram-se dados de todos os pacientes azoospérmicos do IVI Barcelona submetidos a biopsias testiculares ente 2004 e 2017. De uma amostra total de 96 homens analisaram-se diferentes parâmetros tais como a idade, duração da esterilidade, nível de FSH, índice de massa corporal, tamanho dos testículos e tipo de patologia, e a sua associação com o sucesso da biopsia.
Segundo comenta a Dra. Esbert, “em pacientes com azoospermia obstrutiva somos capazes de recuperar espermatozoides até 100% dos casos, contudo em homens com azoospermia secretora a percentagem baixa para 29%, que seriam os mais beneficiados se conseguíssemos um diagnóstico utilizando um método não-invasivo.
Estão a ser pesquisados diferentes tipos de marcadores, mas, de momento, não existe consenso a nível científico. Da nossa parte, neste estudo descobrimos que em função do volume testicular podemos estimar de forma bastante viável a presença de espermatozoides no testículo. Estamos a trabalhar para conseguir outros tipos de marcadores, e na próxima fase a nossa investigação estará focada em localizar proteínas e micro RNA das amostras de pacientes azoospermicos que permitam prever se o testículo é funcional”.
Por outro lado, a Dra. Rocío Rivera do IVI Valencia, estudou as diferenças no perfil proteico das amostras de diferentes pacientes, comparando entre aqueles, que graças à fecundação mediante ICSI, se conseguiu obter uma gravidez, com os que falharam, de modo que após analisar as proteínas que compõe os espermatozoides, se pudesse identificar quais é que estão relacionados com o sucesso ou fracasso reprodutivo. Para estandardizar o máximo possível o fator feminino, e que o resultado da gestação dependera, com maior peso, do fator masculino, optou-se em todos os pacientes por tratamentos com doação e ovócitos.
A Dra. Rivera afirma que “com este estudo conhecemos e descrevemos o perfil proteico das amostras, tanto as que originaram gravidezes, como as que não. Concluímos que existem diferenças em relação às proteínas, e que estas podem servir como marcadores que nos permitem separar os espermatozoides suscetíveis de engravidar, das que não. Indo além, mediante a técnica MACS, poderia pensar-se em enriquecer uma amostra com espermatozoides que contenham proteínas ótimas para serem utilizadas em tratamento de reprodução. Não obstante, isto não deixa de ser uma hipótese para continuar a investigar no futuro”.
Azoospermia obstrutiva
A azoospermia consiste na ausência de espermatozoides no sémen ejaculado, a obstrutiva é a menos grave. Consiste na ausência dos túbulos seminíferos ou ducto deferente que impede a saída de espermatozoides no ejaculado, mas há produção espermática no testículo.
Azoospermia secretora
A azoospermia secretora é a mais grave já que implica uma ausência de espermatogénese (processo de formação das células sexuais masculinas) que provoca que não se gerem espermatozoides.
Técnica Macs
O Macs é uma técnica que permite selecionar os espermatozoides com as melhores características para ser utilizados nos tratamentos de procriação medicamente assistida.