“O tratamento com progesterona vaginal reduz o risco de parto prematuro, complicações neonatais e morte neonatal em mulheres com gravidez gemelar que tenham um colo do útero encurtado – grupo com maior risco de parto prematuro”. Esta é a conclusão do estudo internacional no qual participou o Instituto Universitário IVI Valencia e o Hospital La Fe de Valencia.
“Os partos prematuros são os que ocorrem antes da semana 37, aumentando o risco de morte infantil e sequelas com incapacidade a longo prazo. As gravidezes gemelares têm, além do mais, 5 ou 6 vezes mais risco de parto prematuro. Antes do parto e na fase final da gravidez, o colo do útero, parte mais baixa do útero, torna-se mais fino e encurta-se. Em algumas mulheres o encurtamento do colo do útero ocorre prematuramente, por volta do quarto ou quinto mês de gravidez, facto que aumenta o risco de parto prematuro. Estudos prévios demonstraram que a hormona natural progesterona, também chamada “hormona da gravidez”, administrada por via vaginal, em forma de óvulos ou gel, reduz o risco de parto prematuro em mulheres com gravidez única e colo uterino curto. Porém, “o efeito deste tratamento em gravidezes gemelares era controverso”, segundo o Dr. Vicente Serra e o Dr. Alfredo Perales, Chefe da Unidade de Medicina Materno-Fetal do IVI Valencia e Chefe do Serviço de Obstetrícia do Hospital da Fé de Valencia, respetivamente.
Segundo os investigadores “os achados aportam evidência sólida de que o tratamento com progesterona vaginal em mulheres com gravidez gemelar e colo do útero curto reduz a frequência de partos prematuros e complicações neonatais, tais como problemas respiratórios e mortes neonatais.
Ambos destacam que os estudos colaborativos internacionais representam a única forma de dispor de suficiente quantidade de dados para poder responder a questões clínicas num relativo curto prazo de tempo.
O presente estudo inclui os resultados de 6 estudos, nos quais participaram 303 mulheres grávidas de gémeos e com um comprimento do colo uterino de 25 mm, ou menos, no segundo trimestre. Destas, 159 receberam progesterona vaginal e 144 receberam placebo ou nenhum tratamento. O risco de ter um parto antes da semana 33 reduziu-se a um 31% nas mulheres que receberam progesterona vaginal (31% no grupo em que recebeu progesterona vaginal frente a um 43% que não receberam o dito tratamento). A progesterona vaginal também reduz o risco de parto prematuro antes da semana 32 e 34 de gravidez. Todos os resultados foram estatisticamente significativos.
As crianças nascidas de mulheres que receberam progesterona vaginal tiveram uma redução de 30% na taxa de problemas respiratórios, nas complicações mais frequentes dos prematuros (dos 47% no grupo de placebo/não tratamento reduziu-se a um 33% no grupo da progesterona); uma redução de 46% na taxa de ventilação mecânica assistida (dos 27% no grupo de placebo/não tratamento reduziu-se a 16% no grupo da progesterona);e um 47% de redução de risco de morte neonatal (dos 22% do grupo placebo/não tratamento reduziu-se a 11% no grupo da progesterona.
O estudo foi publicado na revista cientifica Ultrasound in Obstetrics and Gynecology.
R. ROMERO, A. CONDE-AGUDELO, W. EL-REFAIE, L. RODE, M. L. BRIZOT, E. CETINGOZ, V. SERRA, E. DA FONSECA, M. S. ABDELHAFEZ, A. TABOR, A. PERALES, S. S. HASSAN and K. H. NICOLAIDES. Vaginal progesterone decreases preterm birth and neonatal morbidity and mortality in women with a twin gestation and a short cervix: an updated meta-analysis of individual patient data. Ultrasound in Obstetrics and Gynecology. DOI: 10.1002/uog.17397.