Intitulada “Total motile sperm count trend over time across two continents: evaluation of semen analyses from 119,972 infertile men”, a investigação do IVI, New Jersey, liderada por Ashley Tiegs, conclui que a proporção de homens com risco de necessitar de tratamento de fertilidade, aumentou de forma exponencial nos últimos anos, passando de 12,4% em 2004 a 21,3% em 2017, um crescimento de 9% em pouco mais de uma década. A amostra, formada por cerca de 120.000 homens, é a maior utilizada até ao momento atribuindo a este trabalho um notável peso científico.
A investigação recebeu ainda, em outubro de 2018, um prémio da Sociedade para a Reprodução Masculina e Urologia entregue na última edição da Sociedade Americana de Medicina da Reprodução.
A infertilidade masculina representa metade dos casos atendidos atualmente nas clínicas de procriação medicamente assistida. “Nas últimas décadas assistimos a uma crescente preocupação com a diminuição das taxas de natalidade a nível global. Para explicar este facto, a sociedade tem, até então, apontado o dedo sobretudo ao aumento da idade média na qual os casais decidem ter o primeiro filho. O que este estudo vem demonstrar é que o problema poderá ser muito mais abrangente e que a fertilidade masculina poderá também estar a diminuir. Tendo em conta que as razões desta alteração na qualidade espermática dos homens são de momento desconhecidas, torna-se importante monitorizar a evolução desta tendência, que poderá manter-se ou agravar-se no futuro”, alerta o Samuel Ribeiro, coordenador científico do IVI Lisboa.
“Trata-se do estudo com a amostra maior até ao momento o que aliado à principal conclusão obtida, abre uma grande incógnita a investigar, acerca das causas que podem estar na sua origem, e confirma com dados objetivos o observamos em consulta e que até ao momento não tinha confirmação científica tão determinada. Depois destes resultados, é necessário analisar com mais detalhe as suas causas e medidas a tomar”, acrescenta o Nicolás Garrido, diretor da Fundação IVI e um dos coautores deste estudo.
Ainda relativamente às possíveis causas, o médico acrescenta que “existem muitas investigações acerca dos efeitos adversos do estilo de vida tóxico e a exposição constante a fatores ambientais adversos sobre a qualidade dos espermatozoides, mas ainda não se sabe com exatidão o quão nocivos são. Torna-se obrigatório um estudo contínuo e mais preciso dos fatores que podem afetar negativamente a qualidade do esperma”.