A testosterona é uma das hormonas mais conhecidas, e é a principal hormona masculina. No entanto, a testosterona feminina também desempenha um papel fundamental no organismo da mulher.
No homem, a testosterona é responsável pelo desenvolvimento do pénis, testículos e próstata. Também é essencial para estimular a produção de espermatozoides e é responsável pelo engrossamento da voz e pelo crescimento de pelos pubianos e faciais. Na mulher, a testosterona está presente em menor quantidade e os níveis desta hormona no organismo da mulher têm uma importante ligação com a fertilidade. A concentração de testosterona desempenha um papel fundamental na regulação biológica e no processo reprodutivo das mulheres. De facto, níveis demasiado elevados desta hormona nas mulheres podem prejudicar a capacidade de conseguir uma gravidez.
Concentração de testosterona
A concentração desta hormona no organismo feminino é bastante mais baixa do que no organismo masculino. Nos homens, o nível considerado normal de testosterona situa-se entre 300 e 1000 ng/dl (nanograma por decilitro de sangue). Já nas mulheres em idade fértil este nível não deve ser superior a 59 ng/dl. Após a menopausa, a concentração de testosterona feminina é ainda menor.
Os níveis de testosterona no organismo da mulher podem aumentar devido a vários fatores. A concentração desta hormona no sangue da mulher pode subir devido a problemas de saúde como a síndrome dos ovários policísticos ou o cancro do ovário, mas também devido ao uso de suplementos à base de testosterona. A testosterona em excesso pode ser um obstáculo para as mulheres que desejam engravidar. Existem alguns sinais e sintomas que indicam a presença de testosterona feminina em excesso, como o aparecimento de pelos faciais em excesso, alterações no timbre da voz ou a ausência de menstruação. Na presença destes sinais, a mulher deve consultar um ginecologista ou endocrinologista para identificar a causa destas alterações e, se necessário, iniciar um tratamento para diminuir os níveis de testosterona no sangue.
Função da testosterona feminina
A testosterona feminina é produzida nos ovários e nas glândulas adrenais ou suprarrenais. Esta hormona tem ação direta sobre o organismo, mas também é convertida em substâncias importantes para o corpo da mulher, como a di-hidrotestosterona e o estrogénio.
Tal como nos homens, a testosterona também é responsável pela líbido nas mulheres e ajuda na constituição da massa magra e da densidade óssea. A testosterona feminina é importante para a produção de estrogénio e, como tal, está intrinsecamente ligada ao processo de ovulação. A testosterona desempenha um papel importante na manutenção do desejo sexual, para favorecer o período de reprodução. Com a aproximação da menopausa, a presença desta hormona no organismo feminino vai diminuindo. Esta diminuição pode ter como consequência o aumento da gordura corporal, a diminuição da libido, uma redução significativa da massa muscular e, em alguns casos, depressão.
Alteração nos níveis de testosterona
Para um bom funcionamento do organismo é necessário existir equilíbrio hormonal. Se, por um lado, níveis baixos de testosterona diminuem o desejo sexual, por outro lado, níveis demasiado altos desta hormona podem impedir a ovulação e, consequentemente, a libertação do óvulo durante o período fértil da mulher. A principal doença associada ao aumento de testosterona no corpo da mulher é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Esta síndrome pode fazer com que a mulher tenha uma menstruação irregular ou pode levar à existência de anovulação, ou seja, a ausência de ovulação. No caso de anovulação, a fertilidade feminina é prejudicada, pois sem a libertação de um óvulo, a mulher não consegue conceber de forma natural.
Adicionalmente, o excesso de testosterona pode causar alterações no corpo consideradas estéticas, como o aumento de pelos corporais, inclusive com crescimento de pelos no rosto e no peito, o aparecimento de acne, seborreia e em alguns casos alopecia. Outras possíveis consequências do aumento da testosterona feminina são o aumento do clitóris, a diminuição do tamanho da mama, a mudança da voz (tornando-se mais grave) e o risco de problemas cardiovasculares, entre outros.
Causas do aumento da testosterona feminina
A principal causa para o aumento da testosterona feminina é o uso de suplementos ou de esteroides anabolizantes, com o objetivo de aumentar a massa muscular. As mulheres, assim como os homens, usam anabolizantes com objetivos estéticos ou desportivos, no entanto, em ambos os casos, esta prática é desaconselhada pelos profissionais de saúde. O nível de testosterona no organismo da mulher também pode aumentar de forma natural, devido a problemas nos ovários ou nas glândulas suprarrenais. Neste caso, o excesso desta hormona pode ser uma consequência de uma condição de saúde como a hiperplasia da glândula adrenal, um tumor, SOP ou cancro do ovário.
Para avaliar os níveis de testosterona no organismo, a mulher deve consultar um médico ginecologista e solicitar a realização de exames de dosagem de testosterona livre e de testosterona total. Quando é diagnosticado um desequilíbrio hormonal, não associado a uma doença grave como o cancro, os níveis de testosterona podem ser corrigidos através de um tratamento hormonal. O tratamento adequado pode passar pela suplementação de hormonas femininas, como o estrogénio, ou pela suplementação de testosterona em casos específicos, dependendo do tipo de desequilíbrio existente. Uma opção frequente é a toma da pílula anticoncecional, de acordo com a recomendação médica. A pílula anticoncecional ajuda a diminuir os níveis de testosterona no sangue. No dia a dia, pequenos hábitos podem ajudar a manter os níveis de testosterona nos valores adequados, como uma alimentação à base de alimentos integrais, a redução do consumo de carboidratos e beber chá verde. A prática de atividade física também é extremamente importante, bem como a redução do stress diário.
Quando a dificuldade em engravidar está relacionada com a testosterona, é possível um tratamento para repor os níveis adequados desta hormona. Na presença de sinais e sintomas de excesso de testosterona feminina, a mulher deve consultar um médico especializado para realizar os exames adequados e confirmar que os seus níveis de testosterona estão fora do intervalo recomendado de acordo com a sua idade. Quando a mulher desejar engravidar também deve procurar orientação de um especialista em medicina da reprodução e infertilidade, no sentido de realizar diagnóstico e selecionar o tratamento mais eficaz.
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