O Alargamento da Lei nº 17/2016 de 20 de junho garante o acesso de todas as mulheres às técnicas de procriação medicamente assistida (PMA), independentemente do estado civil, da orientação sexual e do diagnóstico de infertilidade.
Nos últimos cinco anos, recorreram ao IVI Espanha 346 mulheres para engravidar. Com a aprovação desta lei, as portuguesas já podem fazer tratamento de fertilidade no seu país.
Dado o aumento de pedidos de informação neste âmbito, organizámos um encontro informal, na biblioteca do IVI, conjuntamente com o grupo PMA para todas. A divulgação foi feita nas redes socais. As participantes tiveram oportunidade de esclarecer as suas dúvidas com um painel de profissionais do IVI composto por: uma psicóloga, uma embriologista, uma ginecologista especialista em medicina da reprodução e uma convidada para questões mais relacionadas com a lei, a Dra. Sandra Cunha – Deputada do Bloco de Esquerda. Das 20 mulheres que assistiram, 80% não eram pacientes da clínica IVI, e destas apenas 1 já se encontra em tratamento no Sistema Nacional de Saúde.
Conversámos com a nossa Psicóloga a Dra Filipa Santos para perceber o enquadramento social das novas famílias e para conhecer os temas que são abordados na consulta de psicologia, tanto das mulheres solteiras, como dos casais de mulheres.
Contexto social
O conceito de família tem evoluído e atualmente observamos nas famílias modernas:
• Uma maior valorização da dimensão afetiva, da realização pessoal e do bem-estar individual;
• Uma maior igualdade entre os sexos;
• A transformação das relações conjugais e parentais, surgindo assim novas formas de viver em família;
• Relações baseadas na comunicação emocional.
“No contexto social atual e com a evolução das técnicas de PMA, é natural que as mulheres queiram concretizar o seu desejo reprodutivo, independente do seu estado civil ou orientação sexual”, afirma a Dra. Filipa Santos, psicóloga do IVI Lisboa.
Apoio psicológico
No IVI Lisboa o apoio psicológico é disponibilizado no sentido de apoiar o processo de tomada de decisão assim como os tratamentos realizados.
De uma forma geral, na consulta de psicologia preocupamo-nos em:
• Explorar a decisão de se tornar mãe – explorando as narrativas associadas ao caminho percorrido;
• Avaliar o suporte familiar e social disponível;
• Diferentes formas de abordar o tema e procurar recursos nas famílias / com os amigos / no trabalho;
• Abordar todo o processo dos tratamentos assim como as questões associadas;
• Promover o aconselhamento acerca de quando e como contar às crianças acerca da sua origem biológica.
Casais de mulheres
As principais inquietações destas mulheres são:
• Como vai ser o processo?
• Qual de nós vai passar pelo processo?
• Que técnicas estão à nossa disposição?
• Quais as técnicas mais adequadas para o nosso caso?
Mulher solteiras
Os principais tabus com os que se deparam:
• Ideia de uma família com duas figuras parentais;
• Crença de que a maternidade deve ocorrer no contexto de uma relação amorosa.
Ao decidirem avançar para um projeto reprodutivo individual, as preocupações com as responsabilidades inerentes ao mesmo tendem a ampliar-se uma vez que estão sozinhas a tomar a decisão, comparativamente com um projeto em casal. Os principais temas para reflexão são:
• Será que tenho competências emocionais para a parentalidade?
• O impacto social da minha decisão na minha vida e na do meu filho?
• Terei recursos económicos?
Se está em alguma destas situações e gostava de esclarecer alguma questão com a nossa psicóloga deixe-nos o seu comentário. A Dra. Filipa Santos tem todo o gosto de a ajudar.
1 comentário
Boa noite,
Tenho 46 anos e á 18 anos depois de ter o meu terceiro filho, fiz a laqueação, por pressão do agora meu ex-marido, situaçao essa, que me deixou com algumas marcas de tristeza, porque senti que me retiraram o meu direito de mulher e ser humano. Senti que a minha auto-estima tinha sido arrancada, diria mesmo mutilada,
Há já alguns anos, que penso ter outro filho, cheguei mesmo a ir a consultas ao Hospital de Gaia, contudo foi-me negado este direito de mulher.
Sou divorciada,, há 13 anos e sinto realmente um enorme vazio, gostaria que me esclarecesse, se com esta nova lei, terei acesso finalmente á possibilidade de poder fazer tratamentos para a infertilidade, pelos hospitais publicos. Grata pela disponibilidade.