A diabetes é definida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença crónica que surge quando o pâncreas não produz suficiente insulina (diabetes tipo 1) ou o corpo não utiliza eficientemente (diabetes tipo 2). Cerca de 347 milhões de pessoas no
mundo são diabéticas e este número tem vindo a aumentar. O impacto da diabetes na fertilidade tanto de homens como de mulheres tem vindo a ser constatada com factos como o aumento da proporção de casais inférteis quando a doença está presente em um ou ambos membros do casal, especialmente se não estiver controlada. O estudo do mecanismo da repercussão desta síndrome metabólica no aparelho reprodutor masculino tem estado na mira dos investigadores.
Estudos recentes demostraram que a diabetes tem um impacto negativo na maturação, desenvolvimento e funcionalidade dos espermatozoides. Existe um envelhecimento prematuro dos espermatozoides devido à elevada concentração de espécies reativas de oxigénio no aparelho reprodutor dos homens diabéticos, favorecendo um aumento do stress oxidativo no entorno dos espermatozoides. Estas moléculas são comuns no aparelho reprodutor de homens com idade avançada e são suspeitas mediadoras na maioria das complicações da diabetes.
Em homens diabéticos, a capacidade de reparação do material genético pode estar comprometida, existindo maior probabilidade do índice de fragmentação do DNA espermático estar aumentado, mesmo quando os parâmetros de concentração e mobilidade dos espermatozoides estão dentro da normalidade. Estas alterações na
estrutura do DNA espermático manifestam-se com a diminuição da capacidade de fecundação do espermatozoide que, caso fecunde, poderá dar lugar a uma falha na implantação ou a um aborto, ou num aumento do risco de alterações genéticas transmitidas à descendência.
Para além da avaliação seminal sob microscópio, outros estudos transmitem maior informação sobre o estado celular, do seu material genético e a capacidade fecundante do espermatozoide, como é o índice de fragmentação do DNA espermático, o estudo do stress oxidativo dos espermatozoides ou o estudo das microdeleções do cromossoma Y.
Outras alterações frequentes são a diminuição da produção da testosterona e, como consequência, a diminuição da qualidade dos espermatozoides, a disfunção eréctil, a diminuição do volume espermático (hipospermia) podendo não haver ejaculação (anejaculação), e a ejaculação retrógrada (o sémen passa para a bexiga no momento da ejaculação).
Perante um problema de fertilidade do casal, é fundamental dar a conhecer a doença e o estado da mesma durante a consulta com o médico especialista. A diabetes deve estar controlada antes de dar inicio ao tratamento, requer uma atenção particular que nos conduza a um final feliz.
Uma alimentação saudável, exercício físico, evitar o consumo de tabaco e controlar o peso poderão ser a chave para evitar a diabetes de tipo 2.
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