Este é um dos muitos casos de pacientes que pretendem preservar a fertilidade antes que seja tarde. Muitos podem ser os motivos, mas para Inmaculada, uma mulher espanhola, que decidiu recorrer ao IVI para preservar a sua fertilidade, o ‘chamamento’ da maternidade foi o principal.
“Chamo-me Inmaculada, tenho 35 anos e vitrifiquei os meus ovócitos com 34. Foi uma das decisões mais importantes e acertadas que tomei em toda a minha vida, e é de dizer que, sem dúvida, o voltaria a fazer, ainda que reconheça que a decisão não foi fácil, pois precisei dum empurrãozinho. É normal, às vezes temos medos irracionais, medo de um processo de medicação cuja duração e efeito não sabemos nada, medo de entrar num bloco…enfim, medo de tudo.
No entanto, depois de passar essas barreiras e de tomar a decisão, os medos deixam de existir. Preservar a fertilidade é necessário, antes de tudo para garantir a maternidade que chama por ti, e que no meu caso, chamou e entrou como um ciclone sem sequer avisar e claramente um pouco tarde para a minha idade. Nunca pensei que esse instinto se despertaria em mim dessa forma, primitivo e visceral. Assim vitrificar, foi um grande alívio, porque acalmou a minha ansiedade e o instinto ‘primitivo’ que me fazia ver qualquer rapaz com cara de espermatozoide e ir categorizando os homens pela rua, como bons ou maus “exemplares”. Enfim, estava consumida numa loucura de emoções que necessitavam ser geridas adequadamente e no seu devido momento.
De repente, dei conta que tinha a oportunidade de relativizar o temido relógio biológico, para assim poder ter margem de manobra para assentar e enfrentar a maternidade com uma perspetiva mais adequada e, sobretudo, madura. E enfatizo ‘madura’ porque inevitavelmente é um processo que te faz refletir e amadurecer, e que a mim me levou a responder a uma série de perguntas… Estaria disposta a ser mãe solteira se me colocassem essa possibilidade num dado momento?
Sei de muita gente que, por desconhecimento, chegam a pensar que as mulheres levam a questão da preservação da fertilidade de uma forma egoísta. Porque queremos controlar tudo, porque queremos libertar-nos da responsabilidade, e queremos ter mais tempo para experiências de vida, como viajar ou continuar com a progressão na carreira. … Mas não duvido ao afirmar que essa apreciação não se aproxima em absoluto da realidade, uma vez que não se trata de algo supérfluo, mas sim de um tema que vai mais além do puramente social ou materialista, e o qual surge de forma tão natural e altruísta como ter a oportunidade de criar e querer uma nova vida. Preservo a minha fertilidade por motivos sociais, mas não por razões sociais.”
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