Falhas de implantação, abortos recorrentes e pré-eclâmpsia são algumas das complicações, às vezes sem resposta, nos tratamentos com óvulos doados. A origem, em muitos casos, é imunológica. O IVI após mais de dois anos de investigação, apresentou um estudo inovador sobre imunologia no 7th International IVI Congress.
A investigação, levada a cabo, entre outros, pela Dra. Diana Alecsandru, imunologista do IVI Madrid, consistiu num estudo, com uma amostra de 204 pacientes. Identificou e classificou todos os fatores imunológicos que podem interferir no tratamento com ovócitos doados (mãe, companheiro, dador, filhos nascidos previamente, tecido de aborto se este tiver ocorrido, etc.).
A nível uterino, todas as mulheres dispõem de determinadas células com uns recetores chamados KIR; entre eles existem três grandes grupos genéticos (KIR AA, KIR AB y KIR BB). Estes recetores são os encarregados de reconhecer a parte estranha do embrião. Na reprodução assistida com óvulos próprios e na reprodução espontânea, estes recetores somente identificam uma parte estranha, quer dizer, a paterna. Por outro lado, nos tratamentos com ovócitos doados reconhecem-se duas partes alheias. A paterna e a da dadora. E pode aumentar o número de partes não reconhecidas, se considerarmos a transferência de mais de um embrião.
Todos os seres humanos dispõem de uns antígenos las células denominadas HLA-C, que se dividem em dois grandes grupos HLA-C1 e HLA-C2. Uma denominação genética parecida a que se pode dar, por exemplo, entre os diferentes grupos sanguíneos, mas que se descobriu recentemente. Um estudo realizado pela Dra. Alecsandru revela, entre outros, que a união de recetores KIR AA com antígenos HLA-C2 é uma combinação de risco para a humanidade.
Óvulos doados
Ora num tratamento com óvulos doados, quando uma mulher com recetores KIR AA (entre 30 a 40 % das mulheres europeias apresentam este tipo concreto de recetores) recebe a transferência de um embrião com antígenos, as probabilidades de aborto, falha na implantação e outras complicações disparam. A importância do estudo da Dra. Alecsandru e as conclusões residem principalmente em dois pontos.
Em primeiro lugar, a importância de realizar uma classificação dos KIR y HLA-C tanto da mãe como do pai e da dadora. Mediante uma simples análise de sangue realizar-se-á a denominação genética de cada um dos protagonistas. Isto para poder escolher sempre a dadora mais adequada e alinhar todos os protagonistas.
Em segundo lugar, a importância de apostar, nos tratamentos com óvulos doados pela transferência de um só embrião. Com o objetivo do útero da mulher reconhecer o menor número de elementos estranhos. Isto fará com que exista maior probabilidade de aumentar as taxas de gravidez e ter um bebé saudável. Apesar dos resultados do estudo terem origem em Madrid, gradualmente o IVI está a implementar estas conclusões em todas as suas clínicas. De momento apenas em pacientes com patologias de gestação como abortos recorrentes, falhas de implantação recorrentes, pré-eclampsia, etc.. Com o intuito de oferecer aos pacientes as melhores técnicas e as maiores probabilidades de ter uma gravidez segura e um bebé saudável.
Conclusões
Segundo a Dra. Alecsandru, “com estes estudos estamos a verificar a importância de avaliar as características imunológicas das dadoras. É muito importante selecionar adequadamente a dadora. Não só pela compatibilidade da cor de olhos, do grupo sanguíneo, etc., mas também pelas características imunológicas. O objetivo final é que a dadora seja compatível com a recetora. Com isto pretendemos que a gravidez chegue a termo da melhor forma possível. Além disso, é recomendável transferir um só embrião. Pretendemos assim que o útero materno não seja obrigado a reconhecer demasiados corpos externos.
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