Congelar óvulos, tecnicamente é conhecido como vitrificação de óvulos. Este procedimento de congelação rápido com o uso de nitrogénio surgiu como forma de preservar as hipóteses de gravidez em doentes oncológicos. Já que os tratamentos são tóxicos e podem prejudicar a fertilidade. Atualmente, é também uma alternativa para as mulheres que pretendem adiar a maternidade por motivos sociais. Designa-se como “social freezing” e a sua procura tem vindo a crescer. Uma vez que há cada vez mais mulheres que colocam a carreira em primeiro lugar, que sentem que não chegou o momento ideal para serem mães ou que querem esperar pelo parceiro ideal.
No entanto, é muito importante que fique claro que a criopreservação de óvulos não é uma garantia de gravidez no futuro. É uma forma de preservar o potencial reprodutivo. Os nossos especialistas clarificam sempre o melhor seria não adiar a maternidade. Mas claro quando necessário, esta é a alternativa que dispõem. O ovário é um órgão particularmente sensível à passagem do tempo o que significa que, quanto mais novos forem os óvulos, maior a probabilidade de fertilidade. Posto isto, a melhor idade para preservar a fertilidade é entre os 30 e os 35 anos.
A reserva ovárica envelhece com a idade
Cada mulher nasce com um número determinado de óvulos. Ao nascer as crianças têm ao redor de um milhão deste tipo de células imaturas. Contudo, ao chegar à adolescência, já só existem 300.000 óvulos, e estes vão diminuindo pouco a pouco com o tempo. Durante a etapa reprodutiva da mulher, esta conta com cerca de 400 óvulos.
A idade média em que a mulher deixa de ser fértil é aos 41 anos. A partir dos 38 anos, a qualidade dos óvulos diminui significativamente.
Vantagens criopreservação
A vantagem desta técnica é permitir às mulheres fazerem tratamento de fertilização in vitro mais tarde, com os seus próprios óvulos. É importante explicar que os óvulos quando congelados preservam a qualidade que tinham quando foram extraídos. Ou seja, não envelhecem.
Descongelação
Quando se descongela a taxa média de sobrevivência dos óvulos é de 85% a 90%, ou seja, em 10, sobrevivem 8,5 ou 9. Mas esta média também é afetada com a idade.
Dicas para quem está a pensar congelar os óvulos:
1. A idade ideal para vitrificar os óvulos situa-se entre os 30 e os 35 anos.
2. As hipóteses de gravidez da mulher variam de acordo com a idade. Aos 25 anos a mulher tem cerca de 25% de hipóteses de gravidez, aos 30 anos reduz para 22%, aos 35 anos para 12%, aos 40 anos existe apenas 5% de probabilidade de gravidez e aos 45 anos apenas 1%. Ao efetuar tratamento com óvulos congelados as hipóteses de gravidez correspondem à idade em que se congelou os óvulos.
3. Ao congelar os óvulos mantem-se a qualidade dos mesmos por tempo indeterminado.
4. No IVI recomenda-se fazer tratamento de procriação medicamente assistida até aos 49 anos da mulher.
5. Ao congelar os óvulos não há garantia que irá engravidar no futuro. O que sabe é que a qualidade dos óvulos se mantem inalterada.
Congelar óvulos
Testemunho Sílvia M.
“Congelei os meus óvulos quando tinha 34 anos, depois de ler uma capa de uma revista num aeroporto.”
“Comecei a ver as minhas amigas todas a serem mães, e percebi que a minha realidade estava muito longe disso. Tinha sido promovida dentro de uma multinacional e a minha prioridade era trabalhar e mostrar resultados. Tinha “batalhado” muito para ser promovida e a minha nova função iria envolver bastante disponibilidade e muitas viagens.
Foi exatamente numa dessas viagens que me deparei com uma capa de uma revista feminina que falava sobre a congelação de óvulos. Sinceramente essa possibilidade para mim era totalmente desconhecida. Lembrou-me como se fosse hoje das “borboletas” que senti na barriga ao ver aquela capa. Comprei e li várias vezes o artigo. Tinha informação bastante completa e inclusivamente expunha casos reais. Identifiquei-me com algumas dessas histórias. Havia uma rapariga que dizia com todas as letras: “eu agora quero é trabalhar, a minha carreira neste momento não é compatível com o desafio de ser mãe. Mas claro que quero ter família, um dia … não agora. Por isso congelei a minha fertilidade. Ao menos sei que os meus óvulos estão ali, que mantêm a qualidade. Um dia se precisar recorro a eles.” Parecia tão óbvio que mal cheguei ao meu destino fui pesquisar sobre o assunto…
O procedimento
Dias depois estava a entrar no IVI para a minha primeira consulta para congelar óvulos. A médica explicou-me todo o procedimento e ficou claro para mim que não estava a congelar a garantia de uma gravidez no futuro. Aliás a médica insistiu bastante que estava era na idade ideal para engravidar. Mas isso estava totalmente fora dos meus planos. Fiz as injeções, regressei durante esse período de forma regular para fazer ecografia e análises e por fim extraí os óvulos. Foi algo simples e sinto-me bem por tê-lo feito. Acho importante falar-se mais sobre estes assuntos. Não há mal nenhum em ter outras prioridades, é preciso é sermos conscientes do que elas implicam.”
Testemunho Mariana F. (nome fictício)
“Congelei os meus óvulos após me terem diagnosticado um cancro”
“Ser mãe sempre esteve nos meus planos, e sei que um dia vou conseguir. Tive o azar de me ser diagnosticado um cancro, após alguns exames que fiz por rotina. É algo que sabemos que existe, e que o número de casos está a aumentar, mas nunca estamos preparados para sermos nós. Quando recebi a notícia, acho que nem sequer consegui processar. Foi muita informação. O médico foi muito cauteloso, e falou-me da possibilidade de criopreservar os meus óvulos. Eu não me pareceu muito prioritário. Eu estava mais focada em tentar “sobreviver” e “livrar-me” da doença. Ele insistiu e recomendou-me eu vir ao IVI. Não tinha muitos dias, iria ser operada e fazer quimioterapia de seguida. Era preciso conciliar todos estes tempos e eu não queria que nada atrasasse a minha “cura”.
No IVI foram impecáveis comigo. A médica que me recebeu explicou-me todo o processo e tranquilizou-me a respeito da preparação para o tratamento. Disse-me que todas as injeções eram ajustadas e que não iriam ter nenhum efeito no meu tumor. Fiz a estimulação ovárica conforme indicado e congelei a esperança de ficar bem, e um dia ser mãe. Não tenho palavras para o afeto que me foi dado na clinica. Foram todos muito atenciosos e muito profissionais. Além disso á criopreservação de óvulos é gratuita para casos oncológicos.”
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